A adolescência por si já não é um período fácil na vida de uma pessoa, no entanto, parece que alguns jovens têm a vida ainda mais dificultada por causas externas (situações familiares complicadas e instáveis, abuso físicos, sexuais e/ou emocionais, entre outros factores) e/ou por causas internas (depressão, baixa-auto-estima, dificuldades em se relacionar com os outros, entre outros).
A auto-mutilação na adolescência pode surgir como uma forma de lidar com os problemas que, por vezes, se tornam demasiado pesados para os jovens, servindo como um meio de expressar sentimentos de profundo sofrimento e como uma forma de lidar com emoções difíceis que não se conseguem colocar por palavras. Apesar de muitos dos sinais de auto-mutilação serem bastante visíveis nos jovens, alguns não o são tanto e para serem detectados necessitam de um olhar mais atento.
Através da auto-mutilação, os jovens procuram aliviar momentaneamente a dor emocional que sentem e controlar o que se passa consigo. Ferir-se parece ser a única maneira de lidar com os sentimentos que os avassalam, nomeadamente uma tristeza profunda, baixa auto-estima, um vazio sem fim, sentimentos de culpa e raiva.
No entanto, os sentimentos dolorosos depressa regressam e os jovens sentem a necessidade de se auto-mutilar novamente. É como se se tentassem colocar um penso sobre uma ferida aberta, quando o que se necessita na realidade é cuidar da ferida, fazer pontos, para que possa um dia cicatrizar.
Quem se auto-mutila tenta ainda, muitas vezes, manter estes comportamentos em segredo por vergonha, sentimentos de culpa ou de não ser compreendido, o que vai agravar o mau-estar sentido, tornando o jovem ainda mais vulnerável a sentimentos de solidão e de falta de esperança em poder ser ajudado.
É de suma importância que o jovem possa partilhar o que se passa com um profissional competente, que tente junto do mesmo perceber o porquê destes comportamentos estarem a ocorrer e, em conjunto, conseguir encontrar novas formas para poder lidar com os sentimentos e situações difíceis.