Já vai caindo completamente por terra a antiga crença de que somente as pessoas loucas ou fracas procuram ajuda psicológica. Nos dias de hoje, fazer psicoterapia é visto como uma ferramenta no auxílio do Eu, como uma forma de crescimento e melhoramento pessoal.
“Não só as pessoas bem-sucedidas não temem a psicoterapia, elas abraçam-na …. A psicoterapia é uma ferramenta que cria o sucesso. Pessoas inteligentes usam-na”. E a terapia não é apenas algo que as pessoas inteligentes utilizam, é algo que quase todas as pessoas provavelmente deveriam tentar, pelo menos durante algum momento de suas vidas. (Richard Taite)
Vejamos algumas vantagens que a psicoterapia proporciona, mas que só quem a faz sabe.
Um grande benefício da Psicoterapia é que os seus efeitos são duradouros. Isso acontece porque não se está apenas a trabalhar no concreto, também se desenvolvem ferramentas que ajudam a lidar com os problemas futuros. Adquire-se uma espécie de lente reflexiva que permite pensar, falar e expressar sentimentos sobre a nossa vida interior, mesmo depois de terminar o tratamento.
Embora a medicação possa ser essencial para alguns casos, corre-se o risco de recaída após ter sido interrompida. A forma como a psicoterapia vai à origem do problema é uma grande razão pela qual os antidepressivos funcionam melhor quando administrados em conjunto com um psicoterapia.
O trauma psicológico, ou mesmo tédio geral, podem desencadear sintomas físicos; a depressão e ansiedade são também bem conhecidos por apresentarem significativos e debilitantes efeitos físicos. Através de uma psicoterapia, assumindo que é bem sucedida, os sintomas físicos começam a desaparecer.
Muitas vezes, quando as pessoas não expressam os seus sentimentos, preferindo mantê-los enterrados e fora da consciência, o corpo reage via dores de estômago, dores de cabeça, problemas de sono e úlceras.
A maior desvantagem de não falar sobre as coisas é que os sentimentos e traumas não expressos podem acumular-se e explodir mais tarde.
Não exprimir o que está errado faz com que esses sentimentos se acumulem, podendo explodir quando menos se esperar, e fora de contexto. Criam também padrões negativos de pensamento que podem contagiar todas as áreas da sua vida: relacionamento amoroso, pais, crianças, colegas de trabalho, e até mesmo a si mesmo. Por isso, aprender a processá-los pode mudar a forma como se movimenta em várias áreas da sua vida.
Os sentimentos de raiva são muitas vezes expressos de uma forma passivo-agressiva, em vez de uma forma mais directa e menos agressiva. Quando se trabalha sobre essa raiva antiga (ou recente), ela é realmente processada, não havendo mais a necessidade de a escoar de forma passivo-agressiva.
Um benefício incrível da psicoterapia é que ela não só ajuda a própria pessoa a compreender-se melhor, mas ajuda a entender as outras pessoas também.
Quando temos pensamentos negativos e não os conseguimos processar, eles enraizam-se de tal maneira que vemos o mundo através dessa lente – e fazemos muitas suposições que podem ou não ser verdadeiras. Sem a confusão dos seus próprios (muitas vezes errados) pressupostos, é muito mais fácil de entender as intenções e motivações dos outros.
Ao longo da vida vão sempre surgindo problemas de maior ou menos dimensão, saber lidar com eles de uma forma saudável e adaptativa é uma capacidade essencial. O conflito faz parte da vida quotidiana, pelo que é útil estar ciente de seus sentimentos quando estes ocorrem.
Ao reflectir sobre o que está acontecendo do lado de fora, está-se em melhor posição para resolver o conflito. Falando sobre as coisas com alguém e reflectindo sobre que sentimentos são evocados, e por quê, leva a uma maior compreensão de si mesmo. Assim, está-se mais livre para pensar em maneiras de responder de uma forma mais pró-ativa, não se deixando engolir pelos acontecimentos, mas em vez disso encontrar uma forma de lidar com eles.
Muitas vezes ficar a pensar em círculos num problema não nos faz chegar a conclusão nenhuma. Falar sobre o problema dá-lhe um início, meio e fim, torna-o mais consciente do mesmo e do que está provocando os sentimentos de ansiedade, tristeza, irritação ou frustração. Assim, assume-se o controlo e é mais fácil decidir como administrar esses sentimentos ou tomar medidas para aliviá-los.
Consultar um psicoterapeuta pode ser um grande alívio por si só, pois já se inicia a tomada de medidas contra o que está a perturbar a pessoa. É também bastante reconfortante saber que se tem uma estrutura de apoio interno, onde se vai uma ou duas vezes por semana.
Uma das coisas mais fascinantes acerca da Psicoterapia é que pode levar a mudanças ao nível do cérebro. Estamos habituados a pensar que somente a medicação consegue levar a estas mudanças, no entanto, começam a existir provas bastante convincentes de que também a Psicoterapia poderá levar a mudanças cerebrais.
Com os métodos de imagiologia cerebral, a psicoterapia tem demonstrado provocar alterações na actividade do córtex pré-frontal medial, o córtex cingulado anterior, hipocampo e da amígdala. Essas áreas estão envolvidas em pensamentos auto-referenciais (“eu” centrado pensamentos se preocupe), controle executivo, emoção e medo.
Para uma pesquisa mais aprofundada veja aqui, aqui e aqui.
Auto-medicação para “lidar” com material psicológico é extremamente comum. Mas não faz nada para resolver o problema, só vai mascará-lo, podendo levar a um ciclo vicioso, o que pode agravar o problema inicial. Chegar à raiz do seu material passado na terapia vai, com o tempo, evitar a necessidade de se auto-medicar. Quando não estiver mais a viver centrado no que correu mal no seu passado, a necessidade de evitá-lo – e a si mesmo – vai desaparecer.
Uma das melhores coisas sobre aprender a lidar com os sentimentos é que, se tem filhos, poderá ensinar-lhes uma maneira melhor de lidar com os seus conteúdos internos também. Poder falar sobre sentimentos dá às crianças a sensação de que não é apenas bom, mas saudável expressar-se através de todas as cores de suas emoções.
Isto é importante para expressar, por exemplo, a raiva quando se sentem ignorados ou tratados injustamente ou quando alguém diz algo doloroso. A alternativa é reprimir o sentimento, sentir-se ressentido, talvez agir para fora a raiva no comportamento desafiador. O tempo para começar a falar sobre sentimentos é o mais cedo possível.